quarta-feira, 14 de março de 2012
Espíritos de Carnaval
Este fato ocorreu comigo e mais três amigos no carnaval de 1994 no
bairro de Campo Grande, RJ, eu tinha 19 anos. E não estaria relatando o
acontecimento se não fosse realmente verdadeiro.
Eu sempre fui interessado por assuntos ocultos, desde muito novo, mas de
certa forma era sético por nunca ter visto, ouvido ou sentido nada
relativo a isto, curtia mesmo era saber de histórias, assim como
gostamos de assistir a um filme de terror.
Era uma noite de carnaval, e eu, que me chamo Alan, sempre estava
reunido com meus amigos, Márcio, Levi e Edmárcio, tendo Márcio como o
meu melhor parceiro. Não éramos do tipo que curtíamos muito as festas de
carnaval, então nesta noite, discutíamos o que fazer de bom para fugir
da bagunça. Como éramos amantes de histórias medievais, tivemos a
brilhante idéia de subir um morro perto de nossas casas, as tantas da
madrugada e deitar sobre as enormes pedras do cume para apreciar a Lua.
Pois bem, chegamos na entrada do pé do morro, onde começa uma estradinha
que levava ao início da subida. Sentamos na calçada para decidir se
íamos mesmo subir aquela escuridão toda pelo meio da mata, pois luz
alguma havia. O que foi curioso e que já nos fez sentir um frio subir
pelas espinhas, foi à presença repentina de um gato preto, que passeava
em círculos sob nossas pernas, mas não nos deixamos incomodar com isso.
Seguimos então pela estradinha que levava ao pé do morro, já o início do
caminho era aterrorizante, pois além de trevas total, apenas a luz da
Lua, era o silêncio absoluto. Um detalhe que já ia me esquecendo é que
essa estrada, além de nos levar ao pé do morro, tinha um motivo para
existir, ela findava em um antigo convento que existiu na subida do
morro, mas desde que moro no local a muitos anos, sempre esteve
abandonado.
Fomos então seguindo para a trilha de subida, iluminados apenas pela
lua, acompanhados pela brisa leva que balançava a copa das árvores e
pelo gato que continuou nos seguindo.
Durante a subida eu liderava a frente do grupo, gabava-se dizendo que
era acostumado com mato e escuridão por estar no exército na ocasião,
mas ia cada vez mais escuro ficando, mais a brisa esfriava e a escuridão
já nos abraçara. Quando dei por mim, já estava atrás de todos,
totalmente arrependido por ter dito tal besteira. O gato que nos seguia,
até onde lembrávamos dele, estava por perto, que no meio da caminhada
sumira do mesmo jeito que apareceu, repentinamente.
Chegando nas pedras ao cume, relaxamos, pois se fazia um clima calmo,
não tão escuro. Deitamos sobre as pedras e ficamos contemplando a Lua
por um bom tempo. De repente ao meio do silêncio, eu fui o primeiro a
ouvir batuques de macumba próximos a gente, chamei a atenção do Levi
para que ele me dissesse que eu não estava ouvindo tal coisa, mas ele
também começara a ouvir e chamamos a atenção de todos. Os batuques
ficavam mais altos a cada segundo, olhávamos fixo na direção dos
batuques a fim de enxergar algo, pois era tão próximo que deveríamos ver
alguma movimentação ou alguém, mas nada víamos, só a escuridão e os
batuques cada vez mais fortes.
Resolvemos ir embora preocupados com isso, começamos a descer e lá pelo
meio do caminho, alguma coisa me deu para olhar para trás, foi quando vi
a sombra, a silhueta enorme de um cavalo à frente da luz da lua e nos
observava, estava exatamente na trilha onde acabávamos de passar a
alguns segundos, daria para ver qualquer coisa que estivesse próximo
quando passamos, mas não havia nada. Eu estava impressionado com o
tamanho daquilo que via, novamente alertei ao Levi para que me
confirmasse, e quando ele também viu, gritou para todos, e todos também
viram. Continuamos a descer, mas eu muito incomodado não parava de olhar
para trás e lá estava aquela horrível e enorme silhueta a nos observar,
foi quando a vi descer para a nossa direção, e gritei já aterrorizado:
"está vindo atrás!" Disparamos a correr como loucos até sair dos
arredores e das horríveis sombras do morro.
Quando nos demos por conta, ficamos pasmos como conseguimos correr tanto
por uma trilha em descida de morro, toda sinuosa, cheia de buracos no
meio de uma imensa escuridão sem cairmos.
Depois disso nem eu e nem que eu saiba, nenhum de nós subiu em outro
morro e muito menos ter idéias malucas, justamente no carnaval quando se
tem conhecimento de várias histórias sobre esta época por ser vista
pelos espirituosos como um período em que os espíritos ruins estão
passeando.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário