quinta-feira, 8 de março de 2012

Vampiros : quem são estes seres.



Vampiros são como assombrações; não são deuses; assemelham-se mais aos demônios. O vampirismo é um mito – uma narrativa tão antiga que sua origem se esconde na mesma bruma de fantasia onde se perdem as origens do homem. Apesar da tradição vampírica mais divulgada ser aquela que se refere às lendas romenas sobre o Conde Drácula, o fato é que registros de vampirismo remontam à Suméria, considerada a mais antiga civilização do mundo ocidental, e aparecem em mitologias de todo o mundo, sob variadas roupagens culturais.
Vampiros com diferentes características, de diferentes etnias e épocas, apresentam ao menos um traço em comum: o apetite por energia, a ergonfagia, que se traduz ora em fome de sangue, ora em fome de energia vital. Neste ponto, convém destacar o fato de que o sangue é o signo físico, orgânico, da própria vida como força abstrata.


. VOLTA AO MUNDO VAMPÍRICOAs lendas vampíricas possuem versões múltiplas: coloridos ou envoltos em capas negras, exóticos ou sóbrios mas sempre sinistros há vampiros chineses, indianos, pré-colombianos, egípcios, árabes, gregos, africanos. Veja no quadro abaixo uma relação de algumas destas entidades:
INDIA – Baital, Rakshasa, a feiticeira vampira e os seguidores da magia negra da deusa Kali, os dakinis.
CHINA – Ch’iang Shih
ASSÍRIA – Ekiminus, espíritos malígnos invisíveis e capazes de possuir humanos.
GRÉCIA – Lâmias, ” (…) gênios femininos que atacavam os jovens sugando-lhes o sangue.” [1]
ROMA – Strigolius
TURQUIA – Goles
ÁFRICA – Asambossam
IRLANDA – Dearg-Dues
SÉRVIA – Vlokoslaks ou Mulos
BULGÁRIA – Krivopijac
POLÔNIA – Upiertzi
RÚSSIA – Viesczy
JAPAO – Kalpas
ESCÓCIA – Buh-Van-She ou Boabhan Sith, uma sincrética fada-demônio.
ROMÊNIA, VALÁQUIA, CÁRPATOS – Nosferatu e Drakul
EUROPA MEDIEVAL – Succubus e Inccubus

[1] De acordo com o Dicionário de mitologia greco-romana. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
Neste universo multifacetado de espécimens vampirescos podemos distinguir duas categorias ontológicas, ou, dois tipos de ser. Há os vampiros demônios, ou seja, de origem não humana, predominantes no Oriente Médio, Extremo Oriente, Grécia e África. A outra categoria provém de uma genealogia de matriz humana. São os mortos-vivos do leste europeu cujo representante mais destacado é Conde Drácula seguido da bizarra figura do Nosferatu, este, criatura de complexa genética claramente pertencente à linhagem dos chamados filhos de Caim – que seriam os numerosos descendentes do assassino de Abel, hoje dispersos por todo o mundo e divididos em 13 CLÃS dos quais, somente nove são atualmente conhecidos. Cada clã possui caráter e fisiologia próprios. São eles:
1. Malkaviano
2. Nosferatu
3. Giovannes
4. Toreador
5. Gangrel
6. Brujah
7. Ventrue
8. Assamitas
9. Tremere.

A Hipótese das Ciências NaturaisEmbora os primeiros estudos datarem do século XIX, somente em 1985, o pesquisador David Dolfin ousou associar publicamente a PORFIRIA ao vampirismo em tese apresentada à Associação Americana Para o Avanço da Ciência. Segundo Dolfin, como decorrência de desarranjos graves na produção de hemoglobina, o pigmento vermelho do sangue, no passado, por ignorância, vítimas ou parentes de vítimas da doença acreditaram que a ingestão de sangue pudesse aliviar o sofrimento durante as crises – os ataques de porfiria.
Uma crise aguda provoca sensações e reações metabólicas violentas como fortes dores abdominais e musculares, vômitos, tremores, espasmos, paralisias e perturbações dos sentidos podendo ocorrer transtornos de personalidade.
O portador de porfiria não pode se expor ao sol. São fotossensíveis: a luz causa-lhes enrijecimento da epiderme, dor, surgimento de bolhas e edemas que demoram a sarar deixando cicatrizes e manchas desfigurantes.
O cientista e médico dermatologista belga, Jean Goens. observou pacientes que apresentaram distúrbios mentais que se traduziram em comportamentos anti-sociais, agressividade e busca de isolamento – a misantropia.
Com sintomas que tornam suas vítimas pessoas forçosamente tão excêntricas diante do que se chama de “levar uma vida normal” é natural que, no imaginário popular, ao longo de milênios, os portadores da porfiria fossem considerados como seres amaldiçoados ou mesmo demônios – tanto mais que a porfiria é um tema da saúde pouco divulgado pelos mídia e por sua raridade, é pouco conhecida e menos ainda reconhecida como doença pela medicina popular.
PORFIRIA: LINKS RELACIONADOS: USP
Psicologia & Antropologia
O vampiro contemporâneo, estilizado em sua figura clássica, trajado a rigor, imperador em sua cripta e dotado de poderes mágicos, estes vampiros e toda a sua parentela de canibais e hematófagos que povoam o imaginário de terror do homens do nosso tempo, são todos eles herdeiros diretos de antropófagos neolíticos que acreditavam em devorar o inimigo como forma de se apropriar de suas qualidades físicas e espirituais mais nobres e sobretudo, como forma de se apropriar da própria essência da vítima, sua alma, sua vida, célula por célula, fóton por fóton. Rituais de crueldade sanguinária foram praticados por todos os povos do mundo e em todas as épocas. O ritualístico derramamento de sangue é um traço chocante da trajetória cultural dos seres humanos.
Pela via da obrigação religiosa, do tributo aos deuses ou demônios, os sacrifícios humanos foram praticados na China, Japão, Índia, Mesopotâmia, Egito, Fenícia, Grécia, Roma, pelos povos pré-colombianos, pelos nativos da África, pelos aborígenes da Oceania e até pelos esquimós – que entregavam suas crianças e mulheres idosas à sanha dos ursos ou à impiedade do gelo.
Lentamente, pelo aperfeiçoamento do senso de ética, justiça e da ciência do direito no espírito humano, estes rituais foram abolidos da esfera pública e hoje pertencem ao universo do crime, punido severamente pelas leis penais em quase todo o planeta.
Entretanto, enterrados para a luz da sociedade civil, essa aberração psico-cultural resiste clandestina na religiosidade pervertida das inúmeras seitas que ainda praticam das mais grotescas às mais refinadas fórmulas da magia negra, fato que, infelizmente, podemos confirmar quando, vez por outra, tais atrocidades ocupam espaço nas editorias policiais dos nossos noticiários.
Identidade vampirescaNuma outra dimensão, puramente mental, o arquétipo do vampiro sobrevive fornecendo SIGNOS de afirmação de identidade para muitas pessoas que encontram nos atributos destas criaturas das trevas os elemento para a composição do self – ou seja, do entendimento interior e tradução exterior do “si mesmo”. Trata-se do caso comum de afirmação individual ou grupal por meio do visual. Há os que imitam arquétipos angelicais, místicos, futuristas, atléticos, entre outros modos de ser compostos por elementos de vestuário, postura, cabelo, maquiagem ou ausência dela, linguajar, alimentação, atividades de lazer e preferências estéticas em geral como o gosto por determinado tipo de música ou filme ou leitura.
Com o advento da chamada Sociedade da Informação ou Sociedade de Massa e com a globalização das comunicações internacionais, é através dos modismos, cíclicos, que estes signos se consolidam, atualizam-se e propagam-se passando a representar valores da personalidade manifestos em aparência e hábitos pessoais. Os adeptos do vampirismo de afirmação pessoal pertencem àquelas tribos urbanas denominadas como góticos, darks, punks e rockers em alguns aspectos de sua cultura além dos recentes e internéticos zippiesZen Inspired Pagan Professional e ravers.
A composição de uma aparência vampiresca e o gosto pelos temas do vampirismo são a expressão de sentimentos como o niilismo, a melancolia, a depressão e a revolta magoada diante da alegria hipócrita das fervilhantes e sufocantes sociedades pós-modernas, desfiladeiros de concreto e aço, com suas instituições falidas, suas autoridades decadentes, seus ambientes caóticos, sua trajetória de rumos incertos.
A sedução do vampiro se impõe pelo fascínio que seus atributos exercem enquanto realização simulada, ficcional, de desejos profundamente enraizados entre as ambições humanas, como o desejo de imortalidade – em oposição ao medo da morte; o desejo da juventude eterna, em oposição aos incômodos da velhice e suas constrangedoras doenças degenerativas; e, finalmente, o desejo de possuir PODERES sobrenaturais como voar, teletransportar-se [o que equivale a poder desaparecer], ler a mente dos outros [evitando o engano e a traição] força física descomunal [contra a ameaça de violência física]. Imaginar-se portador de tais poderes é uma espécie de mecanismo lúdico, ansiolítico, compensador para a consciência da real fragilidade do homem diante de seus inimigos pessoais e das adversidades da vida.
O Vampirismo nas Ciências OcultasPara os ocultistas, Mestres e Iniciados, o entendimento sobre os fenômenos ligados ao vampirismo podem ser resumidos em alguns princípios claros:
1º) Não existe “o vampiro” – morto-vivo cuja sobrevivência depende de atacar pessoas e sorver seu sangue. Os únicos mortos-vivos admitidos pelo ocultismo são as chamadas cascas de Kama-Loka, ou, o duplo astral que sobrevive ao corpo físico dos seres vivos após morte, e isso inclui o homem. Seriam essas cascas, os mortos-vivos ou entidades que aparecem nas sessões espíritas.
2º) O único vampirismo admitido entre os ocultistas é o chamado vampirismo psíquico que consiste em operações de drenagem e/ou envenenamento da energia psíquica, astral e prânica (vital) de uma vítima, seja por ação de larvas astrais, seja por ação de um mago negro. As transferências de energias entre os seres é um fato comprovado nos laboratórios da ciência objetiva. A capacidade de ceder e drenar energias pode ser consciente – caso de ocultistas que se exercitam para desenvolver tal capacidade – ou inconsciente, quando alguém possui essa capacidade naturalmente desenvolvida sem, porém, sequer suspeitar quando cede ou quando lhe subtraem energia. Entre os ocultistas que desenvolvem o poder de captar e transmitir energias, é o uso que fazem dessa faculdade que vai determinar se o praticante se define como um mago branco ou um mago negro.
Vampirismo & Larvas AstraisAinda de acordo com a concepção ocultista sobre vampirismo, o fenômeno, além de ter como agente um mago negro – consciente ou inconsciente, também pode ser fruto da ação de LARVAS ASTRAIS. As larvas são de dois tipos: as primeiras, são aqueles duplos de humanos, já desprovidos de razão, criaturas movidas unicamente por apetites sensuais. É para satisfazer esses apetites que os fantasmas aderem à aura de um humano encarnado, de quem extraem o prana (energia vital) e substâncias materiais e com quem compartilham sensações. A energia vital serve para manter-lhes a coesão física – pois sem isso seu destino é a desintegração completa. Já as substâncias materiais são aquelas que lhes aplacam os clamores dos antigos vícios da personalidade à qual pertencia o duplo. O apego a essas substâncias e sensações, uma das razões que mantêm tais duplos apegados ao plano terreno, são principalmente as drogas, incluindo o álcool e o tabaco e os prazeres sexuais.
O SEGUNDO TIPO DE LARVA ASTRAL é um ser criado por um pensamento humano repetido e concentrado – e nesse ponto, o homem é como um pequeno Deus cujos pensamentos resultam em realidades. Essas larvas podem ser demônios e são constituídas, ou seja, formam-se na realidade sutil e invisível do astral, a partir de energias – partículas atômicas sintonizadas entre si – desprendidas pela agitação da matéria humana, agitação provocada por sentimentos como o ódio, o rancor, a cobiça, a inveja, o medo. Nestes casos, é a vítima que dá origem ao próprio vampiro.
Vampirismo, Magia Negra & Projeção AstralAs projeções astrais ocorrem quando um ser humano consegue “sair do corpo físico” desfrutando livremente das faculdades do seu corpo astral ou duplo. Essa operação é chamada de PROJEÇÃO porque, na verdade, é a forma sutil do ser que se desloca enquanto o corpo material permanece em repouso. Em suas práticas vampíricas, os magos negros se utilizam da projeção astral para assediar sua vítima em situação de extrema covardia, dentro de sua casa e quase sempre durante suas horas de sono. Mesmo desperta, a vítima não pode ver nem tocar seu algoz e portanto, se for um espírito fraco, estará indefesa.
O controle do corpo astral explica alguns dos poderes sobrenaturais atribuídos aos vampiros como a zoomorfose – quando o vampiro toma a aparência de animais como lobo, cão, gato ou morcego. Na verdade, seria o corpo astral, plasticamente mutável, que se torna visível na forma que o mago desejar.
Além de poder aparentar formas animais o mago que domina a o trânsito no pano astral pode praticar o envultamento ou invasão da esfera astral de outro ser vivo, seja humano ou animal.
Os estudos normais de um ocultista complementam o leque de potências que podem ser usadas em práticas vampíricas: telepatia, magnetismo hipnótico, telecinese, clarividência. Assim, o mago vampiro pode ler a mente a vítima, possuir seu arbítrio e ver o que com ela se passa à distância.
Corpo Fechado: Defesa Contra VampirismoEvidentemente, assim como as Ciências Ocultas podem servir às práticas nefastas das magia vampírica, estas mesmas Ciências fornecem as estratégias e armas de defesa contra tais poderes malignos. A magia defensiva aconselha, antes de mais nada, o estudo dos tipos humanos a fim de que se possa identificar a ocorrência de vampirismo e seu agente causador.
Seja consciente ou inconsciente, o vampiro, ainda se apresente como uma pessoa encantadora ou prestativa, é uma criatura cuja presença eventual provoca cansaço e a convivência continuada, resulta em verdadeira exaustão mental e física na vítima; uma exaustão que vem acompanhada de tristeza e melancolia inexplicáveis podendo ainda haver incidência de dores de cabeça e doenças infecciosas – porque a drenagem energética pode afetar significativamente o sistema imunológico.
São sinais socio-comportamentais de vampirismo: não importando se rica ou pobre, feia ou bela, jovem ou idosa, essa pessoa evita olhar nos olhos de sua vítima. Prefere observar de soslaio ou quando sua observação não está sendo percebida. Por outro lado gostam de tocar na vítima sempre que a encontram, ao menos uma ou duas vezes. A pretexto de pedir favores estão sempre provocando encontros ou longas conversas telefônicas. Não raro são bajuladores e tentam comprar a simpatia da vítima com presentes e convites. Pode ser um mero conhecido que tenta se aproximar ou pode ser o irmão que dorme no seu quarto; uma vez detectado o vampiro, sua presença deve ser evitada ou mesmo impedida definitivamente na casa e na vida da vítima, se possível for. Melhor será se a própria vítima assumir uma postura mentalmente e objetivamente defensiva. Em caso de encontro fortuito, ao acaso, aconselha-se esquivar-se do contato físico, manter distância, proteger o plexo solar e ocultar os polegares. Ao mesmo tempo, é preciso determinar mentalmente o fechamento de todo o ser para qualquer tentativa de violação da mente ou do astral.
Para proteger-se de ação à distância é necessário praticar a meditação sobre imagens ou idéias positivas ou neutras, como paisagens naturais, pontos de luz, e oração, ou seja, formulação mental e/ou verbal de projeções igualmente positivas, voltadas para o bem pessoal e para o bem da humanidade.
É preciso superar todo o medo através da coragem que vem da valorização a honra de ser humano e coragem que vem da confiança numa justiça universal. Vencer o medo é sempre o melhor dos escudos porque o medo é a porta de entrada para todas as formas de manifestação do mal.
A Lenda do Conde DráculaA lenda do Conde Drácula nasceu nos territórios da Europa Central hoje pertencentes à Romênia, um país às margens do Mar Negro que, no passado, compreendeu os principados das Valáquia e da Moldávia. Na paisagem romena, entre florestas, campos e estepes, erguem-se os imponentes e sombrios Montes Cárpatos, com altitudes de mais de 2.000 metros, parte dos Alpes da Transilvânia. A região, habitada desde o início da Era Cristã, recebeu sucessivas hordas de diferentes povos: godos, ávaros, húngaros, eslavos, tártaros, magiares. No século XIV, formaram-se os principados da Valáquia e da Moldávia, primeiro sinal de configuração do que viria a ser nação romena. Ocorreu que no século XV, os turcos invadiram aqueles territórios dando início a guerras violentas.
Foi neste cenário que, por volta de 1430, nasceu o primeiro Drácula, príncipe da Valáquia. Seu nome era Vlad, chamado Drakul – que significa dragão ou demônio – pela figura mitológica que ornava seu brasão de família. Vlad levou uma vida de guerreiro bárbaro e é de se supor que tenha sido traumatizado desde a mais tenra idade. Ainda jovem, foi mantido prisioneiro pelos turcos e com eles presenciou e aprendeu métodos de tortura e a terrível execução por empalamento. Em 1448, aos 18 anos, diplomático, conseguiu que seus inimigos o colocassem no trono da Valáquia. A pretexto de unificar o país e expulsar seus antigos captores e invasores, Vlad deu início a um reinado de campanhas bélicas pontuadas por chacinas sangrentas e torturas. A morte coletiva dos prisioneiros, por empalamento, tornou-se comum o que valeu ao soberano o apelido de Tepes ou “Empalador”. Além disso, a ira de Vlad resultava em punições cruéis, dignas de uma mente sádica: cozinhar pessoas, queimá-las em fogueiras, esfolamento, mutilações.
A revolta inevitável das populações martirizadas e o interesse político da nobreza vizinha finalmente derrotou o tirano que foi capturado pelo rei Matias, da Hungria. Conta a lenda que, no cárcere, Vlad Drácula se divertia empalando pequenos animais que os guardas forneciam. Em 1474, depois de 12 anos encarcerado, o Empalador recuperou a liberdade pela via da negociação política e voltou a ocupar o trono da Valáquia. Dois meses depois, morria, aos 45 anos, ferido durante mais uma batalha contra os turcos. Sua cabeça foi cortada, conservada em mel e enviada ao sultão como troféu. Seu corpo, desapareceu em sepultura anônima.
DRAKUL: DE EMPALADOR SÁDICO A VAMPIRO: A relação entre o príncipe Vlad Tepes da Valáquia e o Conde Drácula foi estabelecida por supostos laços de família, forjados por uma espécie de sincretismo cultural popular que certamente inspirou o romancista Bram Stoker na construção do personagem que imortalizou a imagem do vampiro nobre linhagem, habitante de um castelo nos Montes Cárpatos. Ao guerreiro histórico misturaram-se as tradições mais antigas do povo romeno, superstições que refletem os terrores e a simplicidade religiosa dos camponeses.
Ali, acredita-se que pessoas excomungadas, malditas pela Igreja Ortodoxa Oriental, que domina a região, depois de mortos, transformam-se em cadáveres ambulantes, os moroi. Seriam também condenadas ao vampirismo as crianças fruto de relações proibidas, as crianças pagãs – não batizadas – e o sétimo filho de um sétimo filho. A fantasia romena criou ainda os strigoi, demônios em forma de pássaro que saem à noite em busca de carne e sangue humanos. Processadas pela artes, lendas, história e tradição romenas resultaram no Drácula estilizado, estampado nos cartazes dos cinemas, fantasia do Dia das Bruxas. Era monstro, virou galã. O Drácula contemporâneo e globalizado é um produto em forma de imagem, símbolo do poder de tudo aquilo que, apesar de apavorante, é intensamente sedutor.
Índia: O Mito de KaliNa Índia, fenômenos e narrativas associadas ao vampirismo estão entre as mais antigas registradas na história das civilizações. Essas narrativas fazem parte do mito de Kali, uma divindade tântrica. O Tantrismo é uma escola doutrinária de magia que se utiliza de práticas iogues sexuais como instrumento de manipulação de energias vitais. A origem do culto à deusa Kali está situada em tempos imemoriais. Conta a lenda que durante uma batalha entre a deusa Durga e o demônio Raktabija, Kali fez sua primeira aparição. O terrível Raktabija havia acuado Durga com um maléfico poder: cada gota derramada de seu sangue transformava-se em novo demônio, igual a Raktabija em força e aparência.
Cercada por estes clones, Durga se viu sem saída; foi quando, surgida das trevas, Kali se apresentou e atacou o demônio de maneira singular: vampirizando-o, cravando suas longas presas douradas no pescoço de Raktabija drenou e ingeriu todo o sangue encantado. Depois, voltando-se para os clones, devorou-os um a um.
A partir dessa lenda, o mito de Kali instaurou-se e consolidou-se em numerosas seitas de adoradores que construíram seus templos em locais distantes das vilas e próximos aos locais de cremação. Kali estava definitivamente associada à morte e ao signo do sangue. Por causa do apetite sanguinário da deusa, remanescente de seu confronto com o demônio Raktabija, surgiram os rituais de sacrifícios humanos oferecidos em troca de proteção em situações de guerra, quando e contra inimigos pessoais.
Um dia, porém, indignado com a crueldade dos rituais, um rei chamado Vikram resolveu proibir e punir semelhantes cultos. Ultrajada, Kali determinou-se à vingança. Tomando aparência de belíssima jovem, seduziu o rei Vikram e ficou grávida. Kali pretendia humilhar o rei com o fruto de suas relações mas a criança nasceu semi-morta.
Inconformada, a deusa rasgou o próprio seio e alimentou o bebê com seu sangue poderoso e imortal. O menino sobreviveu e recebeu o nome de Dakini. Por isso, até hoje, os seguidores de Kali são chamados dakinis – os filhos de Kali, os vampiros indianos. Dakini teve 13 filhos que teriam dado origem aos 13 clãs vampíricos, atualmente dispersos pelo mundo e dos quais, somente nove têm seus nomes de tradição conhecidos. Os 13 filhos de Dakini são também denominados Antediluvianos – ou seja, teriam existido numa época anterior ao famoso Dilúvio Bíblico, mencionado em diferentes teologias e confirmado pelas pesquisas arqueológicas e geo-físicas contemporâneas. Ainda de acordo com a crença popular, os devotos de Kali recebem como dádivas poderes paranormais e a garantia de uma morte sem sofrimentos.
Vampiros na África FONTE: VAMP HOUSE: ÁFRICA
Os povos da África, a despeito de sua mitologia, não são conhecidos pela sua crença em vampiros. Montague Summers, em sua pesquisa sobre o vampirismo em todo o mundo, nos anos 20, pôde encontrar somente dois exemplos: o asasabonsam e o obayifo. Desde Summers, muito pouco se tem feito para investigar o vampirismo nas crenças africanas.
O obayifo, desconhecido de Summers, era na realidade o nome Ashanti para um vampiro do Oeste africano que reapareceu sob nomes diferentes na mitologia da maioria das tribos vizinhas. Por exemplo, entre os dahomeanos, o vampiro era conhecido como o asiman. O abayifo era um bruxo que morava incógnito na comunidade. O processo para se tornar um bruxo era uma tendência adquirida – não havia laços genéticos. Portanto, não havia meios para determinar quem seria um bruxo. Secretamente, o bruxo era capaz de deixar seu corpo e viajar à noite como uma reluzente bola de luz. Os bruxos atacavam as pessoas – e sugavam seu sangue. Tinham também a habilidade de sugar o suco de frutas e legumes.
O asasabonsam era uma espécie de monstro vampírico encontrado no folclore dos povos ashanti de Ghana, na África ocidental. Na breve descrição fornecida por Sutherland Rattray, o asasabonsam tinha aparência humanóide e dentes de ferro. Morava nas profundezas da floresta e raramente era encontrado. Ficava no topo da árvores e balançava suas pernas, usando seus pés em forma de gancho para capturar pessoas desprevenidas que passassem por perto. Trabalhando entre tribos do Rio Níger, na área do delta, Arthur Glyn Leonard constatou que os bruxos saíam de suas casas à noite para se reunir com demônios e para tramar a morte dos vizinhos. A morte se dava ao “sugar gradativamente o sangue das vítimas através de um meio invisível e sobrenatural, cujo efeito era imperceptível aos outros”. Entre os ibo, acreditava-se que o processo de sugar o sangue era feito de uma maneira tão habilidosa, que a vítima sentia dor mas era incapaz de perceber sua causa física, mesmo sabendo que no final o resultado seria fatal. Leonard acreditava que a bruxaria era, na realidade, um sistema muito sofisticado de envenenamento (como o era na Europa Medieval, uma certa dosagem de magia).
P. Amaury Talbot, trabalhando entre as tribos da Nigéria, descobriu que a bruxaria era uma influência permeável e que a força mais temível atribuída aos bruxos era a de “sugar o coração” das vítimas sem que estas soubessem o que estava acontecendo. O bruxo podia sentar no telhado, à noite, e realizar sucção através de forças mágicas. Uma pessoa que estivesse morrendo de tuberculose era tida muitas vezes como sendo vítima dessa bruxaria.
Entre os povos Yakö, da nigéria, Daryll Forde descobriu a crença de que bruxos desencarnados atacavam as pessoas enquanto elas dormiam à noite. Podiam sugar seu sangue, e úlceras, acreditava-se, eram um sinal do ataque. Podiam operar como um incubus/succubus e sufocar as pessoas deitando em cima delas. A questão de bruxaria era invocada por qualquer pessoa que estivesse em condição de sofrimento, e qualquer pessoa acusada era tratada severamente por meio de julgamentos das privações. Geralmente as mulheres estéreis ou na fase da pós-menopausa estavam mais sujeitas às acusações. Não era incomum sentenciar à morte pelo fogo uma bruxa declarada culpada. Melville Herskovits e sua mulher Frances Herskovits conseguiram relacionar um bruxo/vampiro, cuja existência foi reconhecida pela maioria das tribos africanas ocidentais, às figuras vampíricas encontradas no Caribe, o loogaroo do Haiti, o asema do Suriname e o sukuyan de Trindad. Esses três vampiros são virtualmente idênticos, embora fossem encontrados em colônias inglesas, holandesas e francesas. A crença nos vampiros parece ser um exemplo óbvio de uma aceitação comum levada da África pelos escravos que persistiu a por décadas de escravidão até o presente.
Mais recentemente, John L. Vellutini, editor do Journal of Vampirology, aceitou o desafio de investigar toda a questão do vampirismo na África. Os resultados de suas descobertas estão resumidos em dois longos artigos. Como no caso dos pesquisadores anteriores, Vellutini encontrou escasso material sobre o vampirismo no continente africano. Todavia, argumentou que, sob a superfície das crenças africanas sobre bruxaria, muito material análogo ao da Europa oriental ou ao do vampiro eslavo poderia ser encontrado. As bruxas eram vistas como figuras poderosas na cultura africana, com inúmeros poderes, inclusive a habilidade de se transformar em uma variedade de formas animais. Usando seus poderes, dedicavam-se ao ato de canibalismo, necrofagia (isto é, alimentar-se de cadáveres) e vampirismo. Essas ações constituíam atos de vampirismo psíquico, mais do que perniciosidade física. Thomas Winterbottom, por exemplo, trabalhando em Serra Leoa, em 1960, assinalou:
Uma pessoa assassinada pela bruxaria deve morrer dos efeitos de um veneno administrado secretamente ou pela infusão desse veneno no seu sistema pela bruxa; ou, então, esta última deve assumir a forma de algum animal, como um gato ou um rato, o qual durante a noite, suga o sangue por uma ferida pequena e imperceptível, através da qual uma doença prolongada e a morte serão produzidas.

Com resultados similares, o abayfo, uma bruxa ashanti, suga o sangue das crianças enquanto voa em seu corpo espiritual, durante a noite. Entre os povos Ga, M. J. Field descobriu que as bruxas se reuniam em volta de um baisea, uma espécie de pote, que continha sangue de suas vítimas – embora qualquer pessoa que olhasse para dentro do pote pudesse ver apenas água. Aliás, acreditava-se que o líquido continha a vitalidade de suas vítimas.
Quando uma pessoa era acusada de bruxaria, ele ou ela eram colocados em privação para determinar a culpa, e se fossem declarados culpados, eram executados. Os métodos adotados por certas tribos eram estranhamente parecidos com os métodos aplicados a vampiros suspeitos na Europa oriental. Por exemplo, certa tribo iniciava a execução pela extração da língua, que era afixada ao queixo com um espinho (evitando, dessa forma, que pragas finais fosse endereçadas aos executantes). O bruxo ou bruxa eram então mortos a pauladas com uma vara afiada. Em algumas ocasiões, a cabeça era separada do corpo e este queimado ou largado na mata para os predadores.
Associados ainda de maneira mais próxima às práticas da bruxaria européia eram os esforços para verificar se a pessoa morta era uma bruxa. O corpo da bruxa acusada era levantada do chão e examinado, procurando-se sinais de sangue no local da cova, integridade e inchação anormal do corpo. A cova de uma bruxa verdadeira teria um buraco no chão, que ia do corpo até a superfície, para que ela pudesse usar a saída no forma de morcego, rato ou outro pequeno animal. Acreditava-se que a bruxa poderia continuar a operar após sua morte e que o corpo permaneceria como no dia da morte. Ao se destruir o corpo, o espírito não poderia continuar sua atividade de bruxaria.
As bruxas também tinham o poder de ressuscitar os mortos e de capturar os espírito em retirada, que era transformado em fantasma, capaz de atormentar os parentes do falecido. Havia também uma crença bastante difundida na África ocidental o isithfuntela (conhecido por nomes diferentes por diversos povos), isto é, o corpo desenterrado de uma pessoa escravizada pelas bruxas para realizar as suas vontades. Dizia-se que a bruxa cortava a língua da pessoa e enfiava um pino através do cérebro da criatura para que se parecesse com um corpo reavivado. Esse isithfuntela, da mesma forma, atacava as pessoas pelo hipnotismo e enfiavam um pino em suas cabeças.
Velluti concluiu que os africanos compartilhavam a crença com os europeus sobre a existência de uma classe de pessoas que podiam desafiar a morte e exercer uma influência maligna a partir do túmulo. Como os vampiros europeus, os vampiros africanos eram muitas vezes pessoas que morreram desafiando as normas da comunidade ou pelo suicídio. Ao contrário dos vampiros literários, os vampiros africanos eram tão-somente pessoas comuns, como os vampiros da Europa oriental. Velluti especulou que as crenças africanas nas bruxas e na bruxaria talvez tenham se espalhado pelo resto do mundo, embora os antropólogos e os etnólogos não tenham encontrado essas crenças senão no século XIX. Embora perfeitamente possível, pesquisas adicionais e comparações com as provas para teorias alternativas, tais como as propostas por Devendra P. Varma para a origem asiática das crenças em vampiros precisavam ser completadas antes que se chegue a um consenso. FONTE: VAMP HOUSE: ÁFRICA
Babilônia & Assíria FONTE: VAMP HOUSE: MESOPOTÂMIA
Os escritos da antiga Mesopotâmia (as terras entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, hoje Iraque) foram descobertos e traduzidos durante o século XIX. Indicavam o desenvolvimento de uma mitologia elaborada e um universo habitado por um legião de divindades de maior ou menor expressão. Desse vasto panteão dedicado aos deuses, o equivalente mais próximo do vampiro na antiga Mesopotâmia foram os sete espíritos malignos descritos num poema citado por R. Campbell Thompson, que começa com a linha, “Sete eles são! Sete eles são!“.
Espíritos que diminuem o céu e a terra,
Que diminuem a terra
Espíritos que diminuem a terra,
Com força gigantesca,
Com força gigantesca e gigantesco pisar
Demônios (como touros bravos, grandes fantasmas),
Fantasmas que invadem todas as casas,
Demônios que não têm vergonha,
Sete eles são!
Sem nenhum cuidado,
pulverizam a terra como milho;
sem perdão, investem contra a humanidade,
Vertem seu sangue como a chuva,
devorando sua carne e sugando suas veias.
São demônios repletos de violência,
devorando sangue sem cessar.
Montague Summers sugeriu que os vampiros tivessem um lugar proeminente na mitologia da Mesopotâmia, além das crenças nos sete espíritos. Mencionou, em particular, o ekimmu, o espírito de uma pessoa não-sepultada. Baseou seu caso no exame da literatura concernente ao Netherworld (Mundo Inferior), a casa dos mortos. O Netherworld era retratado como um local um tanto lúgubre. Todavia, a vida de um indivíduo poderia ser melhorada consideravelmente se ao fim de sua existência terrena recebesse um sepultamento adequado e simples que incluísse o cuidado afetuoso com o cadáver. Ao final da lâmina 12 do famoso épico Gilgamesh (ou Gilgamish), havia uma relação dos vários graus de conforto para os mortos. Terminava com várias parelhas de versos relativos ao estado da pessoa que morreu só e sem sepultamento, que Summers citou como sendo:
O homem cujo corpo jaz no deserto
Vós e eu já vimos um assim
Seu espírito não jaz na terra;
seu espírito não tem alguém que dele cuide
Vós e eu já vimos um assim
Os sedimentos da vasilha – as sobras do festim,
e o que é jogado na rua é o seu alimento.
O verso-chave nessa passagem é “Seu espírito não jaz na terra”, que Summers interpretou dizendo que os espíritos dos que morreram sós (isto é, ekimmu) não poderiam entrar para o Netherworld e assim eram condenados a vagar pela Terra. Ligou, então, essa passagem a outras relativas ao exorcismo de fantasmas e citou em detalhe vários textos que enumeravam os diversos fantasmas que tinham sido vistos. Todavia, os fantasmas eram variados, como diz um dos textos:
O espírito maligno,
o demônio maligno,
o fantasma maligno,
o demônio maligno
Da Terra vieram eles;
do submundo
ao mundo dos vivos vieram eles
No céu são desconhecidos
Na Terra são incompreendidos
Não ficam em pé e não se sentam,
Não comem nem bebem.
Parece que Summers confundiu a questão dos que retornam após a morte e que poderiam se tornar em vampiros com os fantasmas de mortos que simplesmente voltariam para assombrar o mundo dos vivos. Os fantasmas eram simplesmente incorpóreos – não comiam nem bebiam – ao passo que os mortos do submundo tinham uma forma de existência corporal e se deleitavam com alguns prazeres. A fonte dessa confusão foi a tradução inadequada das últimas partes do épico Gilgamesh. O verso “O espírito não jaz na terra” foi originalmente traduzido de maneira a deixar aberta a possibilidade de os mortos vagarem pelo mundo dos vivos. Todavia, traduções mais recentes e uma pesquisa no contexto dos dois últimos versos do épico Gilgamesh deixam claro que os mortos que morreram no deserto sem cuidados (o ekimmu) vagaram sem descanso não na Terra, mas através de Netherworld. A tradução de David Ferry, por exemplo, proporcionou a seguinte interpretação.
E ele, cujo o cadáver foi atirado sem sepultura?
Ele vaga sem descanso pelo mundo lá embaixo
Aquele que vai para o Netherworld
sem deixar para trás quem possa velar por ele?
Lixo é o que ele come no Netherworld.
Nem um cachorro comeria o que ele precisa comer.
A idéia de que vampiros existissem de fato na Mesopotâmia, não era tão óbvia quanto nos indica Summers. Todavia, Summers não deve ser castigado em demasia pelo seu erro, porque mesmo o eminente estudiosa E.A.Wallis Budge cometeu erro semelhante em seu breve comentário sobra a lâmina 12, em 1920: “Os últimos versos da lâmina parecem dizer que o espírito do homem não-enterrado repousa igualmente na Terra e que o espírito do homem sem amigos vaga pelas ruas comendo restos de comida, despejadas das panelas.”. Todavia, nem Budge nem E.Campbell Thompson, que Summers cita diretamente, cometeram o erro de empurrar os textos na direção da interpretação de vampirismo.
O sangue que liberta – Como se percebe, o sangue é um elemento essencial para o vampirismo, pois, segundo a crença, é desse líquido que os vampiros se alimentam.
Incomparavelmente, para o cristianismo, o sangue possui extremo valor, pois a Bíblia declara que “não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fomos resgatados de nossa vã maneira de viver, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pe 1.19). É por meio do sangue de Cristo que temos a remissão dos nossos pecados (Cl 1.14). Portanto, trata-se de um sangue que nos purifica, nos liberta das obras do diabo!

Essa é a poderosa mensagem que o evangelho deixou para igreja: “para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1Jo 3.8). Tudo que busca levar o homem ao sacrifício macabro, à magia, às ilusões satânicas, é contrário aos princípios da Palavra de Deus. O homem busca destruir a si próprio com os efeitos da ação dos demônios, os quais podemos considerar os “verdadeiros vampiros” do mundo espiritual. Estejamos sempre alerta!

1 comentário:

  1. porq os vapiros chupan sangue se algun vanpiro ver o meu email me responda

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