quinta-feira, 15 de março de 2012

lendas de terror da Grecia

Gykia, a heroína de Quersonesos

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Sino de Quersonesos foto por Dmitry A. Mottl
Lamachos era um rico morador da cidade de Quersonesos. Era tão rico que seu gado tinha uma porta exclusiva para entrar na cidade. Ele tinha uma filha única, de nome Gykia, ela era a mais linda e inteligente da cidade, tendo o seu pai se esmerado em educá-la com os mais sábios professores.Gykia era uma boa moça e queria de alguma forma ser útil pra a sua cidade.
Entretanto, na província de Bósporo reinava Asandros, que louco de ganância queria a cidade de Quersonesos para si. Ele tinha tentando tomar à força uma vez, só que falhou. Então armou o plano de casar seu filho com Gykia, assim quando Lamacho morresse o filho dele governaria e depois seu neto.
Tudo aconteceu de acordo com a o plano, Gykia casou com o filho de Asandros. Mas havia uma cláusula que dizia que se o marido saísse da cidade para encontrar o pai, seria executado. Gykia amava o marido sinceramente. Ele parecia ser uma boa pessoa, um fiel cidadão e era cheio de boas ações. Só que Lamachos morreu dois anos mais tarde e o Conselho da cidade decidiu entregar o governo não para o seu marido, mas para Zethos, um cidadão de destaque da cidade. O marido não desistiu, e ficou esperando uma oportunidade para tomar o poder.
No aniversário da morte de seu pai, Gykia organizou uma comemoração, regada a muita comida e bebida. O marido dela resolveu usar um dos aniversários de morte do sogro para tomar a cidade. Ele enviou um escravo dedicado a Panticapaion (a capital do reino do Bósforo) com uma mensagem que ele tinha encontrado uma maneira de tomar o controle sobre Quersonesos.
O pai enviou navios a seu filho com guerreiros dentro, como se eles estivessem trazendo presentes para a festa. Os barcos bósforo chegaram na Baía de Símbolos, e o filho de Asandros enviou cavalos para eles. Eles foram a cidade, entregaram os presentes, e alguns ficaram escondidos na casa de Gykia, enquanto os remadores partiam dando a impressão de que eles tinham partido.
Os escravos que o filho de Asandros trouxe de Bósporos o ajudaram, dizendo para todos que eles tinha deixado a cidade e dando comida e água para eles. Tudo foi feito secretamente. Gykia não suspeitava o que estava acontecendo em sua própria casa.
O prazo para o cumprimento do plano era o terceiro aniversário da morte Lamachos. Por dois anos ele reuniu em segredo cerca de duzentos guerreiros de Bósporos. O filho de Asandros supôs que no dia da comemoração todos iriam divertir-se até tarde da noite e ficar totalmente bêbados, e quando dormissem, ele levaria seus guerreiros para realizar seu ato traiçoeiro. Nessa altura, a frota de seu pai estaria pronta para o ataque contra Quersonesos.
A trama foi descoberta por acidente, isso porque uma das servas de Gykia estava de castigo em um aposento, e sem querer deixou cair um grampo, quando foi pegá-lo no chão, ele viu os soldados escondidos no andar de baixo. Imediatamente ele pediu para alguém trazer sua patroa e falou a ela o que estava acontecendo. Gykia não teve dúvidas, o amor pela cidade era maior que qualquer coisa, e decidiu matar a todos, inclusive seu próprio marido, que acabou por ser um traidor.
Ela pediu a seus parentes para reunir os mais valentes cidadãos. Ela fez eles jurarem que se tudo fosse verdade, depois da morte dela, ela deveria ser enterrada dentro d perímetro da cidade. Eles juraram cumprir seu desejo, Gykia satisfeita revelou a traição do marido. Quando eles ouviram a estória, congelaram de medo.
Ela combinou que as comemorações deveriam ocorrer de maneira normal. Todos beberiam, dançariam, cantariam, mas de maneira comedida e sem esquecer o perigo. Deveriam também juntar mato em suas casas. Assim, quando a festa terminasse, os portões seriam fechados e todos iram para suas casas, pegariam os galhos e folhas e iriam a casa dela, colocariam tudo lá e ateariam fogo, assim que ela saísse, é claro. Cuidando para que ninguém mais saísse vivo de lá.
Como havia sido combinado, no dia do memorial de Lamachos , os habitantes da cidade se divertiram durante todo o dia nas ruas. Gykia generosamente distribuiu vinho na festa em sua casa, entreteve seu marido, mas ela mesma não bebeu e ordenou o mesmo de sua servas. Gykia bebia água de uma tigela púrpura que parecia vinho.
Quando a noite chegou, e os cidadãos retornaram a suas casas e Gykia convidou seu marido para dormir. Ele concordou prontamente. Ela ordenou que os portões e entradas fossem fechadas, como de costume, e imediatamente enviou servas de confiança para levar roupas, ouro e decorações diversas para fora da casa.
Tudo ficou silencia na casa e o marido bêbado adormeceu, então Gykia saiu do quarto, fechou a porta atrás de si, e chamando de servas, deixou a casa. Na rua, ela disse que ateassem fogo em cada lado da sua casa. Logo a casa estava envolta em chamas. Os guerreiros bósforos tentaram fugir, mas foram imediatamente mortos. Em um instante todos os conspiradores foram executados.
Desta forma Gykia manteve Quersoneso fora do perigo, os cidadãos ergueram duas estátuas em sua homenagem.
Quando, mais tarde, Gykia lembrou o conselho da cidade sobre a sua promessa de enterrá-la dentro do perímetro da cidade , mas alguns ficaram contra dizendo que a necrópole de Quersonesos estava longe das muralhas da cidade, e eles nunca enterravam os mortos em bairros residenciais. Em vez disso, eles propuseram reconstruir a casa dela, em troca.
Ela não desistiu. Alguns anos mais tarde a sábio Gykia decidiu testar se seus concidadãos se eles iriam manter sua palavra na prática. Ela disse a seus escravos para espalhar a notícia de que ela tinha morrido. Todos ficaram tristes. As pessoas lotaram a praça da casa de Gykia. Seus escravos e parentes prepararam o corpo para o rito fúnebre.
Após uma longa reunião da anciãos eles decidiram não infringir o rito antigo dos gregos, e sim quebrar o juramento, e ordenaram levar o corpo dela para fora da cidade e para enterrá-la na necrópole.
Quando o cortejo parou diante do túmulo aberto, Gykia levantou-se do sarcófago, e começou a acusar os cidadãos amargamente. Os anciãos ficaram envergonhados e juraram pela terceira vez realizar o seu desejo. Ela foi autorizada a encontrar um local de sepultamento dentro da cidade, que foi marcado com um busto em cobre dourado da heroína.
E aqueles que quisessem admirar a beleza dela, poderiam escova o pó do busto de cobre e ler na placa a estória de seu feito corajoso.
Tradução do grego por N. Khrapunov


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