Quem nunca ouviu falar no Conde Drácula, o vampiro da Transilvânia?!
Seja por quadrinhos, cinema, TV ou qualquer outra bobagem cultural que
difunde seu nome, não importa, ele é sempre o mais temido de todos os
vilões, e também o mais sedutor! O vampirão talvez seja o personagem
mais pop da literatura (Harry Potter não chega nem aos seus pés no
quesito popularidade), no entanto são poucos que realmente conhecem o
texto original, e menos ainda aqueles que sabem que o Drácula foi
inspirado numa história real.

Calma,
calma, vampiros não existem (ou pelo menos isso ainda não foi
comprovado). O personagem que inspirou Bram Stoker a escrever seu livro
foi o príncipe Vlad III (1431-1476), da Valáquia – uma província da
Romênia, ao norte do rio Danúbio. Vlad é considerado ainda hoje um
grande herói em sua terra, lembrado como um cavaleiro cristão por lutar
contra o expansionismo islâmico. Entretanto, fora dali, ficou conhecido
como Vlad Tepes, ou Vlad, o Empalador, devido ao seu hábito de
trespassar todos os seus inimigos vencidos com uma estaca de madeira.
Além da lenda (ou história) que chegou até nós sobre sua mania de beber o
sangue dos inimigos mais poderosos por achar que assim absorveria sua
força e vitalidade.
Bram Stoker foi além dessa “história simplória” e desenvolveu em
torno dela a lenda do mais celebrado e temido morto-vivo de todos os
tempos: Conde Drácula, o mais poderoso dos vampiros. Porém sua história
não é lá essas coisas e deixa muito a desejar.
Separei meus últimos dois meses para ler os três maiores clássicos do
terror. E deixei Drácula por último, já imaginando que seria o melhor.
Mas pra minha surpresa, cada um dos três se mostrou ser completamente
diferente do que eu imaginava.
Frankenstein abriu meus olhos para os sentimentos mesquinhos e superficiais do ser humano.
O Médico e o Monstro reacendeu em mim a eterna discussão entre a ambiguidade da mente. E Drácula me fez cair no tédio!
A idéia que se tem do Conde, dinfundida em tantos filmes e outras mídias, é a de que ele é intocável e

quase invencível, sedutor, dissimulado e astuto. Porém não é isso que
se encontra no livro. Aqui a história é bem mais simples e mal
explicada: Drácula, por algum motivo tosco qualquer, deixa seu castelo
na Transilvânia e parte para Londres. Ali ele começa a fazer suas
vítimas e logo um grupo de pessoas se volta contra ele. No entanto o
livro se arrasta por descrições e divagações dos personagens e por cenas
repetitivas que acabam por afundar o leitor no tédio. Sem contar o fato
do Conde se mostrar bem mais vulnerável do que se imagina, sempre
fugindo, se esquivando, agindo às escondidas. E vários pontos
importantes sequer são citados, como a origem de seus poderes, como e
porque se tornou aquela criatura e porque diabos ele foi pra Londres!
A história não é contada por um único narrador. Stoker resolveu
publicar sua lenda em forma de diários, onde cada personagem conta uma
parte da história pelo seu ponto de vista. E isso seria um grande trunfo
se a idéia fosse melhor trabalhada. Por ser o ponto de vista dos
personagens, a única coisa que se tem são seus planos, discussões e
sofrimentos, enquanto o antagonista é apenas uma ameaça distante, que
quase nunca dá as caras. Sem contar que esse tipo de narrativa quebra
muito do suspense, afinal, não importa quão perigosa seja a aventura, o
narrador estará vivo no final. E isso se descobre logo ao ler os títulos
dos capitulos (por exemplo: “Do Diário de Jonathan Harker”).

Os
únicos momentos que realmente valem a pena são o início da história, os
quatro primeiros capítulos nos quais Jonathan está aprisionado no
Castelo de Drácula em meio a dezenas de acontecimentos sobrenaturais:
mulheres sensuais que aparecem em meio a uma neblina, lobos que obedecem
um simples olhar do Vampiro, morcegos e ciganos, muita sombra e
escuridão.
Depois disso, a única ânsea do leitor é para que aconteça alguma
coisa. Porque nunca nada acontece e os momentos-chave ficam muito
distantes um dos outros. E o fim nunca chega! Mas, repente, eis que tudo
acontece de uma só vez nas últimas páginas do livro e o ápice de toda a
história se desfáz num piscar de olhos.
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